Aumento de 2500% em atendimentos de ansiedade no SUS

Aumento de 2500% em atendimentos de ansiedade no SUS

A saúde mental das crianças e adolescentes tem se tornado uma preocupação crescente nos últimos anos, e um fato alarmante foi destacado em um recente relatório: o número de atendimentos relacionados a transtornos de ansiedade no Sistema Único de Saúde (SUS) cresceu incríveis 2500% entre 2014 e 2024. Esta ascensão vertiginosa é um claro indicativo de que a questão da saúde mental precisa ser discutida abertamente e de forma urgente.

O que está por trás do aumento?

Uma infinidade de fatores pode estar contribuindo para esse aumento acentuado nos atendimentos. Entre os principais, podemos destacar:

  • Pressões sociais e acadêmicas: A competitividade nas escolas e a pressão para obter resultados podem levar crianças a desenvolverem problemas de ansiedade.
  • Impacto das redes sociais: O uso excessivo das redes sociais tem sido associado a sentimentos de inadequação e comparação constante, contribuindo para o aumento da ansiedade.
  • Pandemia de COVID-19: Os efeitos da pandemia, como o isolamento social e a incerteza sobre o futuro, tiveram um impacto significativo na saúde mental das crianças e adolescentes.
  • Aumento da conscientização: Muitas famílias estão agora mais atentas e dispostas a buscar ajuda para os problemas de saúde mental, o que também pode ter contribuído para o aumento dos atendimentos.

A realidade por trás dos números

Embora o aumento exponencial de atendimentos no SUS possa parecer alarmante, é importante considerar que também reflete uma maior disposição da sociedade em reconhecer e tratar problemas de saúde mental. Antes, muitas crianças e adolescentes que enfrentavam problemas de ansiedade não recebiam o suporte necessário.

Os dados revelam que, em 2014, foram registrados aproximadamente 2 mil atendimentos voltados a transtornos de ansiedade no SUS para crianças de 10 a 14 anos. Em contrapartida, em 2024, esse número saltou para mais de 50 mil atendimentos. Isso demonstra que o aumento muitas vezes é resultado da busca ativa por tratamento e reconhecimento dos sintomas, em vez de um aumento real na prevalência desses transtornos.

O papel das escolas

As escolas desempenham um papel fundamental na identificação e no suporte a estudantes com transtornos de ansiedade. Educadores e psicólogos atuam na linha de frente para perceber sinais que podem indicar riscos à saúde mental. Formar um ambiente escolar acolhedor e aberto a discussões sobre saúde mental pode ser um diferencial importante na prevenção e tratamento dos transtornos.

Além disso, é essencial que as escolas implementem programas de educação emocional, que ensinem as crianças a reconhecer suas emoções e a lidar com elas de maneira saudável. Isso não apenas melhorará o bem-estar dos alunos, mas também contribuirá para um ambiente escolar mais produtivo e positivo.

A importância do suporte familiar

O apoio da família é crucial no enfrentamento de problemas de saúde mental. Pais e responsáveis devem estar atentos aos sinais de que uma criança pode estar lutando contra a ansiedade. Algumas maneiras de oferecer apoio incluem:

  • Comunicação aberta: Falar sobre sentimentos e experiências é vital. As crianças devem se sentir confortáveis para expressar o que estão sentindo.
  • Buscar ajuda profissional: Quando necessário, não hesite em buscar o suporte de profissionais da saúde mental especializados em atendimento infantil.
  • Promover atividades relaxantes: Incentivar práticas como meditação, ioga ou atividades que promovam o relaxamento pode ajudar a reduzir a ansiedade.

Consequências a longo prazo

Se não tratados, os transtornos de ansiedade podem ter repercussões sérias na vida de uma criança. Problemas de saúde mental na infância podem se estender até a vida adulta, afetando a capacidade de uma pessoa de se relacionar, estudar e trabalhar. Portanto, é fundamental investir na saúde mental desde cedo.

Além disso, a normalização da busca por ajuda é crucial. A sociedade deve trabalhar para desestigmatizar os transtornos mentais, fazendo com que mais pessoas se sintam confortáveis em procurar apoio quando necessário.

O papel do SUS e políticas públicas

O Sistema Único de Saúde tem um papel essencial na melhoria do atendimento à saúde mental no Brasil. Com o aumento dos atendimentos, há a necessidade urgente de que o SUS amplie suas ofertas e capacite profissionais para lidar com esses casos específicos.

Além disso, é fundamental que o governo implemente políticas públicas que não apenas aumentem o acesso aos serviços de saúde mental, mas também garantam a formação e o suporte de profissionais qualificados. Programas de capacitação e intervenções nas escolas são necessários para preparar melhor os educadores a lidarem com questões emocionais de seus alunos.

Considerações finais

O aumento alarmante dos atendimentos relacionados a transtornos de ansiedade no SUS reflete uma realidade complexa, que deve ser abordada com seriedade e compromisso. O bem-estar mental das crianças e adolescentes deve ser uma prioridade, e isso exige ação conjunta de famílias, escolas e entidades de saúde.

É preciso promover um ambiente em que a saúde mental seja discutida abertamente, garantindo que as crianças tenham acesso aos cuidados que merecem. Somente assim poderemos trabalhar em direção a uma sociedade mais saudável e menos ansiosa.

Acreditar que a conversa sobre saúde mental pode salvar vidas é o primeiro passo para um futuro melhor.

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